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Filtrar água tratada é chover no molhado?

Os seres vivos têm uma coisa em comum: precisam de água. Não importa se é um animal terrestre ou marítimo, se é uma ave ou uma minhoca no jardim; não importa se é uma violeta de vaso ou uma sequoia canadense, uma alga no mar do Caribe ou um cacto em pleno Saara. Se é um organismo vivo, precisa de água. Em quantidades diferentes, com substâncias diferentes, mas precisa. Então, se todos os organismos precisam de água, ela se torna uma via de acesso fácil e frequentemente aberta ao interior de cada um deles. E sendo assim, ela se torna, além de um nutriente importante, uma perigosa forma de intoxicações e envenenamentos (acidentais ou não) destes mesmos organismos.

Imagine algumas décadas atrás, quando ainda não havia um sistema eficiente de tratamento de água para a população. A água chegava como era encontrada nos rios – rios que, inclusive, serviam de bebedouro para animais como vacas, cavalos, búfalos, animais silvestres… E não só de bebedouro mas, muitas vezes, como banheiro também! Já pensou como devia ser a qualidade dessa água? Por sorte, há vários séculos já se conhecia a técnica de ferver a água antes de usá-la para qualquer fim – mas hoje sabemos que apenas a fervura não elimina todas as substâncias que tornam a água imprópria para o consumo humano. Alguns tipos de bactérias podem sobreviver às altas temperaturas; além do mais, partículas sólidas provenientes da terra do leito dos rios, pó de pedra e fungos, mesmo mortos, continuam na água, por causa da parte sólida de sua composição. Hoje em dia, usamos os poderosos elementos filtrantes instalados no interior de diversos modelos de filtros domésticos para remover essas partículas sólidas. Para melhorar ainda mais a qualidade da água e torná-la potável de vez, estes filtros também contam com carvão ativado para remover gases que produzem cheiros desagradáveis da mesma. Mas se hoje em dia a água já vem adequada desde as estações de tratamento… pra que filtrá-la de novo em casa?

Ainda pode ter sujeira?

Processo de decantação.Nas estações de tratamento, a água passa por uma série de sistemas que promovem a decantação de partículas maiores que estejam presentes na mesma, depois a decantação de partículas menores, seguido por microfiltragem e adição de cloro. O cloro serve para eliminar bactérias e algas, invisíveis a olho nu mas potencialmente perigosas se ingeridas. Só então a água é distribuída para a população. Essa distribuição é feita, na maioria das vezes, através de tubulações metálicas que desempenham sua tarefa por muitos e muitos anos.

Acontece que essa tubulação metálica é suscetível a danos por trauma mecânico (rompimentos e vazamentos) e também pelo próprio desgaste das peças, representado pela ocorrência de ferrugem. Na situação de um vazamento, ainda que a pressão da água seja de dentro para fora da tubulação, é possível que algum elemento do solo penetre pelo rompimento, talvez em um momento em que a pressão da água enviada pela distribuidora seja reduzido (por exemplo, durante a madrugada). Este elemento viajará até entrar na caixa d’água de alguma casa, que vai consumi-lo sem perceber – e alguém pode acabar adoecendo.

O outro problema é o desgaste da tubulação. O interior é perfeitamente liso para evitar que possíveis fungos e bactérias se prendam ali e formem colônias – mas o desgaste provoca rugosidades onde é perfeitamente possível que estes microrganismos se fixem. Se as colônias formadas se desprendem dessas rugosidades e seguem até uma residência, podem ser drenadas para o chuveiro ou, mais provável, para uma das torneiras – e se essa colônia for ingerida por uma pessoa, pode surgir uma grave infecção intestinal.

Sem descuidos

Os elementos filtrantes fazem parte constantemente da nossa rotina.Por isso é tão importante manter um filtro em ordem em casa e orientar a todos os membros que bebam água apenas do filtro. O elemento filtrante instalado em seu interior consegue remover qualquer impureza que porventura tenha chegado até a torneira – e se alguma reação química provocada por esta contaminação tiver deixado algum cheiro na água, o carvão ativado embutido neste elemento filtrante o removerá facilmente.

As companhias de saneamento e abastecimento costumam emitir relatórios regulares junto com as contas de água, informando as análises realizadas em amostras da água fornecida. Em geral, os relatórios atestam que aquela água está adequada para o consumo humano imediato, ou seja, que não é necessário filtrá-la para só então consumi-la. Porém esta é a condição encontrada na amostra retirada ainda na estação de tratamento, antes da água viajar pelas tubulações até as casas e, como vimos, essa viagem pode prejudicar a qualidade e a segurança na ingestão deste líquido.

Portanto, não convém descuidar, já que se trata da saúde de toda a família.

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