Dessalinização: onde isso é feito?

Apesar da terra possuir uma grande quantidade de água em sua superfície, apenas uma pequena parte é adequada para o consumo – a maioria, constante nos oceanos, não é potável. A grande quantidade de minerais e componentes orgânicos toda a água do mar completamente imprópria (e mesmo perigosa) se ingerida.

O problema é que, com a pouca quantidade de água potável disponível, em muitas regiões a escassez desse produto compromete a sobrevivência humana. A saúde fica comprometida e o desenvolvimento econômico também, tornando-se um problema geral e que pode comprometer toda uma nação. Na busca por soluções, poços são escavados e água é comprada de outras cidades (quando possível), para garantir o abastecimento; mas nem sempre as escavações são bem-sucedidas pois a água encontrada pode ser salobra (a exemplo do que acontece em alguns pontos do nordeste brasileiro), e a compra de água é um paliativo de emergência e de curto prazo. Uma das soluções de longo prazo é a dessalinização da água do mar, processo realizado ao forçar-se a passagem da água por filtros dotados de membrana de osmose reversa, que separam a água pura do sal e outros minerais contidos ali. As unidades de tratamento podem chegar à capacidade de tratar mais de 1.000 litros de água por segundo, dependendo do tamanho das instalações.

No mar, na terra

Este processo é mais viável quando busca suprir a demanda de água em cidades litorâneas e ilhas, como é o caso de Fernando de Noronha e a famosa ilha de Páscoa, onde esta é a única forma de conseguir água suficiente para a população instalada ali. A quantidade de água pura produzida no processo de dessalinização consegue suprir a demanda com relativa facilidade.

Já no interior do continente – como no caso citado de pontos do nordeste brasileiro -, a dessalinização não só pode como DEVE ser usada. Ocorre que nestes pontos, a água obtida nos poços artesianos é salobra, com grande quantidade de minerais que tornam a água imprópria para o consumo. A melhor solução é, realmente, a instalação de estações de tratamento com membrana de osmose reversa para realizar a filtragem necessária e suprir a demanda de água local – ou contratar caminhões-pipa de cidades vizinhas que tenham água potável, mas essa é uma solução, como já dito, de curto prazo.

Nem tudo são gotas de água doce…

O problema do uso das estações de dessalinização é o preço. Ele é alto devido à tecnologia empregada e à complexidade das instalações. Ao contrário do sistema de tratamento tradicional, onde o processo é mais mecânico (atuação da gravidade para decantar as partículas da água em uma sequência de tanques), na dessalinização todo o processo é mecanizado. O filtro que contém a membrana de osmose reversa precisa ser trocado periodicamente conforme seu uso – e num processo como esse, ele é muito demandado. A unidade de tratamento não pode ficar muito perto da arrebentação devido ao risco de inundação pelas marés altas e por ressacas, o que envolve a instalação de muitos metros de tubulação. Da unidade onde ficam os filtros, são mais tubulações levando a água – agora tratada – até os reservatórios e, finalmente, tubulações e bombas de elevação para encaminhar essa água ao sistema de distribuição da cidade.

A instalação destas unidades é bastante complexa e demanda muito estudo, desde a escolha do local onde vai ser colocada até as estratégias de distribuição (o local deve ser bom para retirar a água do mar e, também, para enviar a água tratada ‘a rede de distribuição). É uma solução que precisa ser minuciosamente planejada para que não ocorram problemas e ela possa atender à demanda da população com eficiência e sem intercorrências. Para as cidades localizadas no litoral, é uma boa saída para enfrentar as épocas de seca.